terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Indústria

Se as palavras são para dar e vender
se as palavras se vendem
eis a minha oferenda a vós
porque não tenho escolha

Dar uma palavra a quem não a merece,
ou dá-la a quem não a pediu
é como dar um carinho obsoleto
ou que se pressente ameaçador

Por isso as palavras começaram a ser vendidas
para as reconhecerem
para não serem pérolas a porcos

Quem quiser um kilo
vendem-no bem pesado
ou um cabaz de palavras
para oferecer pelo natal

Onde há palavras há vendedores de palavras,
especuladores de palavras,
máquinas de palavras,
licensas para palavrear,
indústrias e fiscais da palavra

O que faz de mim,
no meio disto tudo,
um pirata da palavra:
não tenho licensa
e só digo palavrões.

2 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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